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domingo, 29 de maio de 2011

OS MAIAS - uma tragédia

Os Maias são uma obre realista na qual o seu autor tece uma crítica à sociedade lisboeta da 2ª metade do século XIX, construindo uma crónica de costumes onde emerge um amplo quadro do ambiente sócio-cultural onde os personagens se movimentam.
            Paralelamente, a intriga central da obra envolve uma profunda dimensão trágica, sendo possível descortinar no decorrer da intriga os elementos típicos da tragédia clássica.
            Assim, o tema do incesto era o termo fulcral da maioria das tragédias e, na obra, os protagonistas da intriga principal, Carlos e Maria Eduarda vão-se aproximando fatalmente até à prática, primeiro inconsciente e depois consciente, do incesto. Na verdade, ambos desafiam situações e valores hybris e deixam-se conduzir por uma força sobrenatural que comanda os acontecimentos conducentes à catástrofe final. Esta força é o Destino que configura a atmosfera trágica através de presságios, alguns deles bastante indiciosos e funcionam como sinais que revelam de forma subtil o desfecho terrível. São exemplos da presença desta força a sombrinha escarlate a M. Monforte, sugerindo as relações as relações de sangue entre irmãos, os três lírios que murchavam na jarra, simbolizando a desgraça que se abaterá sobre os três Maias (Carlos, Maria e Afonso), a similitude dos seus nomes (Carlos Eduardo e Maria Eduarda) pressagiando uma semelhança nos destinos de ambos, a tapeçaria com os amores incestuosos dos deuses Vénus e Marte, a coruja empalhada que Maria tinha na cómoda e cujos olhos agoirentos, contemplavam os seus encontros de amor ou, ainda, o próprio nome – Toca – sugere relações incestuosas e selvagens. Destaca-se, ainda, na obre a peripécia quando ocorre a revelação de Guimarães a Ega, de que é portador de um cofre com documentos que devera entregar à família Maia. Guimarães conta a Ega que Maria é irmã de Carlos e inicia o processo de reconhecimento / Anagnórise, que vai culminar quando Carlos, Ega e Afonso analisam todos os documentos que o cofre contém. A terrível verdade surge: Carlos e Maria são irmãos. O incesto inconsciente torna-se consciente e a catástrofe emerge com toda a sua violência: o avô Afonso morre e os dois amantes separam-se. Maria parte e Carlos decide viajar pelo mundo na companhia de João da Ega.


 

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